novembro 29, 2008

Suicídio

Um homem cruza o umbral da porta de seu quarto, caminha, decidido em seu caminho.
Ao passar em frente ao quarto de sua filha, pára, indeciso em seu caminho.
Quando ouve o cachorro do vizinho uivando, retoma, decidido em seu caminho.
Ao sentir o aroma e o frescor da noite, demorasse, indeciso em seu caminho.
Vendo as marcas de sangue em suas mãos, continua, decidido em seu caminho.
Quando iluminado pela lua cheia de março, devaneia, indeciso em seu caminho.
Mas ao ver a rua escura e deserta, decide, o seu caminho.
Mesmo após o tempo passado e as horas de caminhada, decidido, está o seu caminho.
Sabendo que este tempo não está perdido, pela última vez, reflete sobre seu caminho.
E como lampejo final, o mendigo em seu caminho.
Fica notório saber que o estouro da calma foi o último passo do caminho.

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