abril 29, 2009

Retirado de um perfil da internet - por Adriana Miranda

Percebo que minha vida é rara. Aliás, sou uma irregularidade do universo. Sempre desconfiei que merecia estudos e pesquisas como uma anomalia da natureza. Ninguém me explicaria. Nem eu mesma ousaria! Quanto mais procuro entender essa coisa estranhíssima chamada eu, mais esperneio por respostas. O que me faz ser esquisita assim? Não sei, mas...

Continuarei varrendo poeiras com um pincel de arqueólogo; tenho que me interpretar. Preciso saber onde nascem as minhas contradições. Será que entenderei porque vivo a provisoriedade com o mais profundo sentido de permanência, e porque mesmo com o coração atrofiado eu não consigo deixar de emocionar-me com a poesia e chorar baixinho ao contemplar um pôr do sol?
Vou fazer um curso de escafandrista para mergulhar no meu interior; tenho que explorar essa timidez desenvolta, essa minha vontade de estar por entre a gente.. de falar sem cansar e ao mesmo tempo ser tão fascinada pelo silêncio.
Tenho que descobrir porque não gosto de lembrar as melhores experiências do passado; tenho que averiguar a causa de temer tanto a dor da saudade. Deve haver uma razão porque fujo das boas memórias. Percebo que elas me torturam. Por algum motivo não consigo aceitar que a vida passe. Reluto com a dor de nunca mais poder voltar aos inúmeros lugares que tanto admirei e tento não revisitá-los quando eles voltam à minha recordação.
Tenho que entender porque perturbo-me com a miséria humana, mas não deixo de dormir todas as noites com minha indiferença burguesa. Ao mesmo tempo em que sofro, me acovardo; enquanto protesto contra a destruição do planeta, usufruo a boa vida. Sou mesmo uma ambigüidade irritante.
Sei que continuarei irrequieta com minhas inquietações. Vou caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento e sem solução. Resta-me somente agradecer a Deus por deixar que eu continue a existir pois..

Apesar de tudo, sou um milagre. Só saber disso já dá vontade de pular de alegria.